sábado, 2 de março de 2013

Fugindo da dor

"Às vezes, na estranha tentativa de nos defendermos da suposta visita da dor, soltamos os cães. Apagamos as luzes. Fechamos as cortinas. Trancamos as portas com chaves, cadeados e medos. Ficamos quietinhos, poucos movimentos, nesse lugar escuro e pouco arejado, pra vida não desconfiar que estamos em casa."

Fala pessoal, belezinha?

O texto acima, de autoria da Ana Jácomo resumia perfeitamente meu penoso percurso vivido que perdurou um longo período de minha vida. Quem acompanha meu blog, pôde observar em muitas de minhas postagens a minha notória introspecção.

(Uma pequena observação: O texto citado abaixo, foi escrito em Março de 2013, liberado somente agora em 2016. Graças ao meu bom Deus, já não me sinto mais assim. Deixei de olhar para trás, recuperei minha autoconfiança e olho para adiante ... confiante. O sol sempre volta a brilhar, não tenho dúvida disso. Persevere!)

Essa introspecção tem me levado a analisar os diversos fatores que me levaram a estar ou ficar assim. Sim, a pessoa que vos escreve neste momento é muito diferente - ao menos em tese - da que procurou este espaço para fragmentar-se entre um texto e outro.

O "eu" de hoje, está muito acuado, distante de tudo e de todos, desesperançoso e apático. O "eu" de antes, tinha as suas dificuldades mas ainda conseguia levantar-se vez por outra, por que acreditava piamente em dias melhores.

Mas, independente das coisas que se passaram sempre procurei postar bons textos, mensagens motivadoras e recheadas de fé e otimismo. Vez por outra num descuido me expunha mais claramente ... mas não como hoje. Acho que hoje estou engasgado e a tristeza me deixou tão angustiado e estagnado que se não expusesse meus motivos, estaria sendo injusto comigo e com todos que acompanham este modesto blog.

Um ano, cinco meses e longos dias me separam de dias melhores. As coisas quando aconteceram foram todas de uma vez, parece que em determinado momento fui marcado com um grande "x" no peito e as flechas não cessaram em acertá-lo até que eu estivesse terminantemente prostrado ao chão.

Alguns dos acontecimentos mais complicados como já mencionados aqui em alguns textos do segundo semestre de 2011 envolviam minha perda de visão que começou com uma simples conjuntivite. Jamais poderia imaginar que aquela sutil irritação na visão seria o prenúncio de sucessivas e desagradáveis surpresas.

Na sequencia, problemas na empresa culminariam em minha dispensa depois de quase dez anos de trabalho. Para que você tenha uma ideia da minha situação no momento, tente usar de empatia e imagine-se sem poder enxergar direito, ter que treinar uma outra pessoa neste meio tempo e saber que não receberia todos os seus direitos legalmente pois a empresa enfrentava turbulências diversas.

No comecinho de 2011, eu e minha família fomos convidados para o casamento de uma garota que conheço desde que era uma menina, esse casamento realizou-se no mês de Agosto. Comparecemos! 

A festa estava linda e os noivos felizes. Passados quase um mês, fui informado de que não deveria ter ido pois a noiva embora cristã, casou-se com alguém não batizado, muito embora ele estivesse dando os passos para isso e faltasse apenas meses para seu batismo. Na época, servia como ancião de congregação e esta "desatenção" renderia angústias maiores. 

Hoje fazendo esta introspecção, percebi que naquele momento estava tão fora de mim com as questões de saúde e os problemas na empresa que nem me dei conta do princípio registrado em 1 Coríntios 7:39 sobre casar-se somente no Senhor. Esqueci-me completamente da situação do rapaz e só me dei conta disso quando fui informado depois de um mês. Mas infelizmente naquela altura, a coisa toda tinha tornado-se viral.

Neste meio tempo minha conjuntivite evoluiu para conjuntivite hemorrágica e finalmente para ceratite. 

Angústia, angústia e angústia!

Dia 30 de Setembro, outra surpresa: meu patrão ao sair da empresa para uma viagem erra o caminho e para num local para pedir informações. Nem bem parou e foi surpreendido por um ladrão que atirou nele. Quase que simultaneamente, no dia 02 de Outubro tive minha primeira reunião de reavaliação na congregação, estava esgotado com tudo aquilo, mas as coisas não paravam de acontecer.

Dez dias depois de ter sido baleado, meu patrão veio a falecer e com sua morte mais uma avalanche de incertezas, pois agora mais sessenta colaboradores juntaram-se ao mesmo barco que eu. Estávamos no Titanic, o capitão não existia mais e o futuro para mim era mais incerto do que no início.

Dia 12 de outubro, subi pela última vez na tribuna como Superintendente de Congregação, 14 dias depois no dia 26 de Outubro recebi a confirmação de que seria desqualificado. Saí esmagado da reunião e desde aquele dia perdi uma coisa importante que não consigo mais reaver. Minha força, minha gana, minha paixão pela vida! 

Outubro terminou, Novembro veio e acabou, Dezembro veio e no último dia do ano de 2011 fui informado que a carta que confirmava o que já sabia chegou. A informação de minha desqualificação foi dita a congregação no dia 04 de Janeiro de 2012. Neste mesmo dia também foi o dia da demissão em massa da empresa a qual eu pertencia. Felizmente recebemos nossos dividendos!

Com esse benefício entrei no meu apartamento e apaguei as luzes, fechei as cortinas, tranquei as portas com chaves, cadeados e medos. E lá fiquei quietinho para a vida não desconfiar que estava em casa. O ano de 2012 correu normalmente lá fora, nas poucas vezes em que saí. 

Mas ele se foi e 2013 chegou, já estamos em Março e nada mudou positivamente neste tempo todo. Sei que preciso reagir, já estou perdendo amigos, estou perdendo tempo, estou perdendo a vida que passa aceleradamente lá fora. 

Gostaria de ser mais resiliente, mas hoje apesar deste desabafo, sinto que por menos esperança que eu tenha, sinto que ainda posso viver dias melhores. Preciso querer, preciso buscar ... por que sou merecedor, pois tudo que vivi foi com muito amor!

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